Essa é uma pergunta que assombra muitas pessoas mais velhas. Muitas sonham em tocar um instrumento musical, mas se deparam com a dúvida: será que não estou velho demais para começar? Para ajudar quem busca uma resposta, compartilho minha experiência no mundo da música, focando no violão e na guitarra, embora minhas reflexões possam servir para outros instrumentos também.
Desde criança, ficava fascinado ao ver pessoas tocando. Dedilhar aquele instrumento parecia “coisa de outro mundo”. Apesar da curiosidade, eu não tinha condições de ter um violão. O tempo passou e, já adolescente, meu pai, que também tentava aprender, acabou desistindo, deixando o violão dele parado em casa.
Decidi então me arriscar e dar umas “arranhadas”. Porém, meu progresso foi lento, quase não saí do zero, pois não tinha foco nem condições de ter um professor. Aprendi algumas cifras por conta própria, mas sem muito sucesso. O tempo passou e, após me formar em um curso de eletrotécnica, comecei a trabalhar, o que me deu ainda menos tempo para tocar. Depois, vieram o casamento e os filhos, o que reduziu ainda mais meu tempo livre.
Com mais de trinta anos, percebi que era hora de enfrentar a frustração de nunca ter aprendido a tocar. Comprei um violão e me matriculei em um curso de violão popular. Começar na idade adulta foi desafiador, mas eu agora contava com mais persistência. Após um dia de trabalho, e depois da rotina de casa, brincar com os filhos e tudo o mais, dedicava-me à praticar. Meu filho até se lembra de acordar de madrugada e me ouvir tocando baixinho no fundo da casa, para não incomodar quem estava dormindo.
Enfrentei preconceitos. Alguns colegas de trabalho não entendiam meu desejo e zombavam ao me ver sair com meu violão: “O que você quer, nessa idade com um violãozinho nas costas?” No entanto, mantive-me firme. Esse era meu sonho, e ninguém me desviaria do caminho.
Anos depois, iniciei um curso de violão clássico, onde a maioria dos alunos era muito mais jovem do que eu. Não cheguei a me formar, pelos motivos que explicarei adiante. Entretanto nesse ínterim, eu me aposentei, e surgiu uma oportunidade de trabalho com musicalização infantil, em uma creche. Até me arrisquei a compor algumas músicas para crianças. Estava achando bem legal, e já imaginava que esse seria meu caminho na música, mas uma surpresa me aguardava.
Meus filhos, que também amavam música, decidiram criar um grupo de blues e rock e insistiram para que eu participasse. Eu hesitei, achando que estava “passado” para isso e que não tinha experiência em tocar guitarra, muito menos possuía uma. Eis que no meu aniversário de 45 anos, a família me presenteou com uma guitarra elétrica. O ultimato foi dado: “Agora você vai ter que ensaiar e tocar com a gente!” Relutante, concordei em participar por um tempo, mas afirmei que não seguiria adiante e que esse negócio de tocar em barzinhos não era prá mim, pois já estava velho prá isso. Meu filho disse: “Pai, depois que você sentir a emoção de estar no palco, nunca mais vai querer parar!”
Comprei um amplificador e comecei a aprender a tocar guitarra elétrica, o que se mostrou bem diferente de tocar violão. Havia toda a questão do timbre característico do estilo, que envolvia saber equalizar um amplificador e ajustar os volumes da guitarra. No blues, também teria de aprender a improvisar e a fazer solos, habilidades que eu nunca havia desenvolvido.
Dentro das minhas limitações, fiz algumas participações com meus filhos, que ficaram empolgados com a qualidade harmônica que meu conhecimento teórico trouxe ao grupo. E, como meu filho havia previsto, não consegui mais parar de tocar.
Conversando com minha professora de música, decidi não continuar no curso de violão clássico, pois estava achando muito mais prazeroso tocar guitarra em grupo. Como ela não tinha conhecimento nesse estilo, busquei outras fontes de aprendizado. Passei a ouvir muitos CDs de blues e tive de importar métodos que vinham com material complementar, o que no Brasil era raro. Aprender sob pressão, tendo que me apresentar no palco, não foi fácil, especialmente em um período em que o acesso à internet era limitado. Mas, apesar das dificuldades, segui em frente, e passei doze anos tocando e me divertindo com meus filhos na banda Azambujas Bluesband.
Após esse período, meus filhos seguiram caminhos profissionais diferentes e a banda teve que parar. Já perto dos 60 anos, investi então em um trabalho acústico, comigo no violão, e meu filho tocando harmônica (gaita de boca), e me aventurando agora a cantar. O duo, chamado Laid Back Blues, continua em atividade e ocasionalmente conta com a participação de outros músicos. Hoje, aos 69 anos, continuo me apresentando com a Laid Back Blues e participando de outros projetos musicais. Posso dizer que me sinto realizado.
Bem, espero que esse relato possa incentivar quem tem o sonho de tocar um instrumento musical e hesita por achar que é tarde demais. Não desista do seu sonho. Baseado na minha história, afirmo que sim, é possível. A menos que haja alguma limitação física, o maior empecilho está na sua mente. Vá em frente! Essa ideia de que é preciso ter “dom” não é real. Dedicação e persistência derrubam muitos obstáculos. Acredite no seu potencial. A idade pode tornar o aprendizado mais lento, mas a satisfação de superar limitações e realizar um sonho é imensa.
Considere também a facilidade de acesso à informação que temos hoje. Há milhares de vídeos e tutoriais disponíveis na internet, que pode até confundir quem está começando. Um bom curso presencial é uma opção, mas traz a desvantagem de você ter sair de casa e seguir horários fixos. Hoje existem os cursos online, que são uma excelente alternativa, permitindo que você assista às aulas no conforto da sua casa e em horários que se encaixem na sua rotina — algo que não havia na minha época. Portanto, não há desculpa para não começar.
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Siga em frente! Desejo boa sorte! E fique à vontade para deixar sua opinião, dúvida ou crítica nos comentários, pois teremos o maior prazer em ler e responder.