Nesse novo artigo sobre o blues acústico trazemos agora mais uma famosa e inesquecível dupla do folk blues, ilustres representantes do Piedmont Blues. O Piedmont blues é um estilo de música que combina o country blues e o ragtime jazz, sendo uma das formas mais antigas de country blues. É caracterizado por um estilo de tocar guitarra com os dedos, conhecido como fingerpicking, que se assemelha ao som do piano ragtime.
Trata-se de Sonny Terry & Brownnie McGhee. Então ajeite-se na cadeira e vamos viajar pelo sonoro mundo do blues com essa dupla maravilhosa.
Brownnie McGhee
A infância
Brownnie nasceu em Knoxville, em 30/11/1915, e cresceu em Kingsport, ambas no Tenessee. Por volta dos quatro anos de idade contraiu poliomielite, o que incapacitou sua perna direita. Seu irmão Granville Mcghee também se tornou músico e compôs a famosa canção “Drinkin’ Wine Spo-Dee-o-Dee”. Seu pai, George MacGhee, foi um operário de fábrica, conhecido na University Avenue, por tocar violão e cantar. O primeiro instrumento de Brownnie foi um violão feito em casa por seu tio, construido à partir de uma lata de marshmallow e um pedaço de madeira.
Juventude e “Estrada”
Aos 22 anos tornou-se um músico profissional, trabalhando no Rabbit Foot Minstrels, onde fez amizade com Blind Boy Fuller, cuja maneira de tocar violão lhe foi de grande influência. Após a morte de Fuller, em 1941, JB Long da Columbia Records promoveu Brownnie como “Blind Boy Fuller nº2”.
Mas o sucesso veio um tempo depois, em 1942, quando mudou-se para Nova Yorque e formou dupla com Sonny Terry, o qual já conhecia desde 1939, quando este foi harmonicista de Fuller. A dupla foi um sucesso instantâneo. Eles gravaram e excursionaram juntos até por volta de 1980. Como uma dupla, Terry e McGhee fizeram a maior parte de seu trabalho de 1958 até 1980, passando 11 meses de cada ano em turnê e gravando dezenas de álbuns.
Carreira consolidada
Apesar de sua fama posterior como artistas folk “puros” tocando para públicos brancos, na década de 1940 Terry e McGhee tentaram ser artistas de sucesso, liderando um combo de jump blues com saxofone e piano, que chamou-se “Brownie McGhee e seus Jook House Rockers” ou “Sonny Terry e seus Buckshot Five”, geralmente com Champion Jack Dupree e Big Chief Ellis. Eles também apareceram nas produções originais da Broadway de Finian’s Rainbow e Cat on a Hot Tin Roof.
Durante o renascimento do blues na década de 1960, Terry e McGhee eram populares nos circuitos de concertos e festivais de música, ocasionalmente adicionando novos materiais, mas geralmente permanecendo fiéis às suas raízes e tocando de acordo com os gostos de seu público.
O cinema
McGhee interpretou também pequenos papéis no cinema e na televisão. Ele e Terry apareceram na comédia de Steve Martin de 1979, The Jerk. Em 1987, McGhee fez uma pequena, mas memorável performance como o malfadado cantor de blues Toots Sweet no filme de suspense sobrenatural Angel Heart. Em sua crítica de Angel Heart, o crítico Roger Ebert destacou McGhee para elogios, declarando que ele fez uma performance que prova que “o saxofonista Dexter Gordon não é o único velho músico que sabe atuar”. McGhee apareceu na série de televisão Family Ties, em um episódio de 1988 intitulado “The Blues Brother”, no qual interpretou o músico de blues fictício Eddie Dupre. Ele também apareceu na série de televisão Matlock, em um episódio de 1989 intitulado “The Blues Singer”, interpretando o amigo de um velho músico de blues (Joe Seneca) que é acusado de assassinato. No episódio, McGhee, Seneca e a estrela Andy Griffith fazem uma interpretação da canção “The Midnight Special”.
Final da carreira, reconhecimento e partida
Happy Traum, um antigo aluno de violão de McGhee, editou um guia de instruções de violão de blues e um songbook, Guitar Styles of Brownie McGhee, publicado em 1971, no qual McGhee, entre as aulas, falava sobre sua vida e o blues. A seção autobiográfica apresenta McGhee falando sobre sua vida, seus começos musicais e uma história do blues à partir dos anos 1930.
McGhee e Terry, ambos receberam a “National Heritage Fellowship” de 1982 concedida pelo National Endowment for the Arts, que é a maior honraria do governo dos Estados Unidos nas artes folclóricas e tradicionais.
Uma das últimas aparições de McGhee em concertos foi no Chicago Blues Festival de 1995. Ele morreu de câncer de estômago em 16 de fevereiro de 1996, em Oakland, Califórnia, aos 80 anos.
Sonny Terry
Saunders Terrell (24/10/1911 – 11/03/1986), conhecido como Sonny Terry, foi um músico americano de blues e folk, que apresentava um estilo enérgico de gaita de blues, caracterizado por frequentemente incluir gritos, vocalizações, e ocasionalmente imitações de trens.
Infância e Juventude
Terry nasceu em Greensboro, Georgia. Seu pai, um fazendeiro, ensinou-lhe a tocar gaita blues na juventude. Ele sofreu ferimentos nos olhos e ficou cego aos 16 anos, o que o impediu de trabalhar na fazenda,e assim foi forçado a ser músico para ganhar a vida. Terry tocou “Camptown Races” para os cavalos do arado, o que melhorou a eficiência da agricultura na área. Ele começou a tocar blues em Shelby, Carolina do norte. Após a morte de seu pai, ele começou a tocar com Bling Boy Fuller, guitarrista do estilo “Piedmont Blues”. Quando Fuller morreu, em 1941, ele começou a parceria musical com Broennie McGhee.
A parceria com Mcghee e o reconhecimento
A dupla se tornou bem conhecida entre o público branco durante o renascimento da música folk nas décadas de 1950 e 1960, inclusive por colaborações com Styve Homnick, Woody Guthrie e Moses Asch, produzindo gravações clássicas para a Folkways Records (agora Smithsonian/Folkways).
Apesar de sua fama como artistas folk “puro”, na década de 1940 Terry e McGhee lideraram um grupo de jump blues com saxofone e piano, que era conhecido como “Brownie McGhee and his Jook House Rockers” ou “Sonny Terry and his Buckshot Five”.
No cinema
Terry estava no elenco original de 1947 da comédia musical da Broadway Finian’s Rainbow. Com McGhee, ele apareceu na comédia de Steve Martin de 1979 The Jerk. Terry também apareceu no filme de 1985 The Color Purple, dirigido por Steven Spielberg. Terry colaborou com Ry Cooder em “Walkin’ Away Blues”, e também fez um cover de “Crossroad Blues” de Robert Johnson para o filme Crossroads de 1986.
Os prêmios e a despedida
Assim como McGhee, Terry recebeu também a bolsa “National Heritage Fellowship” de 1982 concedida pelo National Endowment for the Arts, que é a maior homenagem do governo dos Estados Unidos nas artes populares e tradicionais. As bolsas daquele ano foram as primeiras concedidas pela NEA.
Sonny morreu de causas naturais em Mineola, New York, em março de 1986, tres dias antes de Crossroads ser lançado nos cinemas. Terry foi introuzido no Hall da Fama do Blues nesse mesmo ano.
Discografia da dupla.
Se você tiver interessa em conhecer os principais trabalhos desses maravilhosos artistas, clique no link: DISCOGRAFIA.
Gostou?
Você curte blues? Gostou da matéria? Deixe sua opinião nos comentários. Teremos todo o prazer de ler e responder. Deixe também sua sugestão de tópico e volte para mais. Não deixe de ler também “Pérolas do Blues Acústico I“. Até a próxima.
Referências: Wikipedia.